Para os que, assim como eu, gostaram de como ela escreve, mais um de Joyce Borgaço para nós:
..:: SEM TÍTULO ::..
No dia em que fui livre,
corri.
Meus cabelos bailaram
suavemente.
Não quis saber de tempo e
espaço.
Pela primeira vez senti o
regozijar de não pertencer a ninguém, de ser só minha. Minha!
Existia luz, calor, amor,
havia tudo o que eu desejasse que houvesse, e o principal, tinha mais de mim.
Eu era o verbo transbordar em seu majestoso infinitivo. Eu estava lá, sem
formosura, mas com ternura, vazia de explicações e interrogações. No extremo do
lugar mais distante, no pico dos meus anseios. MEUS anseios. No mar das boas
lembranças, próximo ao cais dos meus devaneios.
Eu era cor, flor, sabor,
ardor. Eu era, e só de ser, minha felicidade se fazia carne.
Acreditei na lenda, li.
Almejei a felicidade, não
chorei.
Tive fé na escalada, subi.
Confiei na estrada,
embarquei.
Quando me dei conta do
prazer de não estar, acordei. Eu fui sonho. A liberdade não me cabia, ou não
fornecia o meu tamanho.
Eu ambicionei ser
independência; trem sem hora para chegar; bolo de cenoura saído do forno;
música na hora do banho. Mas a única coisa que eu pude ser, foi cobiça. “Olhos
Fechados” era o meu nome. Eu fui vontade de liberdade, agora sou desejo de ser.
Ou, numa tradução simples, sou “tanto faz”.
______________ Joyce Borgaço
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