sexta-feira, 24 de março de 2017

Luiza 1924 - SINHÁ


Quando soube
que seu coração estava fraco
o meu cambaleou,
quis cair em você,
entrar
corpo adentro.
caberíamos folgados,
o seu coração e o meu,
no continente peito seu.
é que pessoa como você,
forte com a vida,
gasta mesmo o coração,
quem sabe dois dão conta,
dão, num dão?
quando soube
que faltava ar pra você,
respirei cada vez mais forte,
pra guardar o máximo de ventania
que couber em mim
e soprar em você.
quando nos encontrarmos
será como aquelas catástrofes naturais,
conheceremos a força dos ventos.
tudo preso aqui.
só posso respirar quando nos
olharmos.
minha falta de ar
é todo ar que guardo pra você.
quando soube
que tinha água no seu pulmão,
pensei,
água procura mesmo jeito,
caminho
pra desaguar no mar
e você é esse mar inteiro,
cada vez mais cheio.
denso.
calmo.
calma,

meu mar.


______________ Sinhá


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