quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

FLOR EXTINTA - Zila Mamede

..:: FLOR EXTINTA ::..

Extinta flor azul na correnteza,
desfeita luz na face transitória
do tempo, voz perdida na memória
em traços, mudas formas de beleza.

Sob folhas de mangue acobertada,
extinta flor azul entorpecida
numa corola resta vã, sem vida,
navega na torrente, atormentada.

Distantes, já, em sombras liquefeitas
as pétalas marejam sóis, desfeitas
em mil fragmentações, gestos sem cor.

Nas brumas, morto caule inconformado
liberto foi de corpo ensanguentado,
perdido corpo azul de extinta flor.


________________ Zila Mamede, 1928-1985


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