quarta-feira, 22 de maio de 2024

A SINA DE UM BONAÇHÃO - Claudianor Dantas




No vigor da mocidade, caminha um bonachão,

entre sonhos e esperanças caminha na solidão.

Batalha árdua, luta constante. Jornada dividida

com o peso da miséria que leva, retalhos da sua vida.

 

Sonhos tecidos em fios dourados se entrelaçam,

mas, a mão calejada não alcança a estrela que brilha.

Na mesquinhez da sociedade, suas asas se embaraçam,

na realidade cruel onde o hipócrita o enquizila.

 

Anos se passam como rios, levando consigo a juventude,

e o sublime homem, na margem, vê seu sonho naufragar.

A desesperança como manto, cobre a sua magnitude,

enquanto a sociedade, com a sua hipocrisia, segue a navegar.

 

No cansasso da velhice, seu corpo curvado se rende.

Diante da iminência da morte, o olhar cansado brilha

e no limiar do além, a visão que o tempo estende

revela, enfim, os sonhos que a vida lhe negou em sua trilha.

 

Diante dos seus olhos, como um filme a abrir,

seus sonhos perdidos, agora ganham vida e cor.

Na tela dos seus dias, relampejos voltam a brotar

todos os seus anseios, que nunca os perderam, mesmo na dor.

 

Um lar acolhedor, onde o amor é a própria essência,

uma família unida, onde o afeto é o maior ancoradouro.

E no coração desse ser simples, renasce a crença

de que na vida, afinal, a virtude foi o seu maior tesouro.

 

Assim, na hora derradeira, entre suspiros e sorrisos,

o bonachão parte, mas não na solidão da saudade.

E os sonhos não realizados, encontra o bálsamo precioso, 

que ilumina sua jornada, para sempre, na eternidade.

 

 15 de dezembro de 2017


_______________ Claudianor D. Bento


 



Nenhum comentário:

Postar um comentário