Noite tensa a temer, sob uma imensa chuva,
por travessas, sozinho e sem rumo, vagueio,
a vertigem me envolve, como névoa escura,
pelas sombras, onde se ouve um passar alheio.
Entre reflexos tímidos, passos incertos ressoam,
na estridente tormenta, o meu ser se desfaz,
caminhando errante, por entre a escuridão voraz,
sem destino e sem rumo, os pensamentos voam.
Ruas se entrelaçam, labirinto em movimento,
um ser estranho também, como eu, vagueia sem fim,
somos espectros da madrugada, em tormento,
que o trouxe de um horizonte cinzento até mim.
Fantasmas cruzam o meu caminho, sombras de passagem,
cada rosto desconhecido, um espelho da minha dor,
nessa noite de vertigem, onde a alma é de passagem,
apenas o manto da chuva a me acolher com vigor.
Ah! Tristeza que me embebe nessa noite encharcada,
de muitos desejos perdidos e sonhos desfeitos,
em cada passo muitas lágrimas derramadas,
aumentando a enchente de um sonho imperfeito.
Sigo assim, no temporal, pela viela alagada,
num espectro de solidão de uma noite singular,
à deriva, em meio a tempestade engendrada,
sem saber qual o rumo certo nem aonde vou chegar.
Ainda assim, sob o véu da tempestade, suponho,
deve existir uma esperança, um instinto a me guiar,
e que no outro dia haverá um horizonte a se encontrar,
quem sabe, e me trazer de volta desse horrível sonho.
06 de novembro de 2013
_________________Claudianor D. Bento
Nenhum comentário:
Postar um comentário