quinta-feira, 30 de maio de 2024

O TEMPO PASSOU - Claudianor Dantas


Em seu pensamento, hoje, rever o vigor de outrora,

diante do espelho que lhes afronta, ver rugas marcadas,

contrastando com os dias de ânimos, imagens esquecidas,

lembrando, ele, que o tempo tão rápido passou. E agora?


Traído pela monotonia dissimulada do dia a dia

passou o tempo, resvalou por suas mãos, que não o sentiu!

Ah, como passou disfarçado e acelerado! Ninguém o viu?

Quem poderia trazer de volta aquela doce magia?


Vou sem direção agarrado nas asas do vento,

relógio implacável, não retorna, sempre segue adiante,

largando ao acaso as esperanças, em algum lugar distante,

privando-nos de encontrá-la em algum momento. 


No silêncio das noites em que o tempo passou,

tal qual pássaro livre que, logo, perdeu as penas

e não renova mais suas plumas nas noites serenas,

avista apenas sombras daquilo que o vento levou.


Às vezes ouve vozes daqueles tempos a se esvair,

em cada sonho, em cada momento a esperar

Mas, tudo tem o seu momento de chegar e de partir

E o tempo nos ensinou a amar, a viver e a sonhar.


Em um instante sublime ele meditou por um momento,

por tudo isso, se tivesse a chance, voltaria novamente

para amar mais, viver mais e sonhar mais, plenamente,

Para que tão puro amor aliviasse esse algoz tormento.



________________ Claudianor Dantas




quinta-feira, 23 de maio de 2024

NOITE DE VERTIGEM - Claudianor Dantas



Noite tensa a temer, sob uma imensa chuva,

por travessas, sozinho e sem rumo, vagueio,

a vertigem me envolve, como névoa escura,

pelas sombras, onde se ouve um passar alheio.

 

Entre reflexos tímidos, passos incertos ressoam,

na estridente tormenta, o meu ser se desfaz,

caminhando errante, por entre a escuridão voraz,

sem destino e sem rumo, os pensamentos voam.

 

Ruas se entrelaçam, labirinto em movimento,

um ser estranho também, como eu, vagueia sem fim,

somos espectros da madrugada, em tormento,

que o trouxe de um horizonte cinzento até mim.

 

Fantasmas cruzam o meu caminho, sombras de passagem,

cada rosto desconhecido, um espelho da minha dor,

nessa noite de vertigem, onde a alma é de passagem,

apenas o manto da chuva a me acolher com vigor.

 

Ah! Tristeza que me embebe nessa noite encharcada,

de muitos desejos perdidos e sonhos desfeitos,

em cada passo muitas lágrimas derramadas,

aumentando a enchente de um sonho imperfeito.

 

Sigo assim, no temporal, pela viela alagada,

num espectro de solidão de uma noite singular,

à deriva, em meio a tempestade engendrada,

sem saber qual o rumo certo nem aonde vou chegar.

 

Ainda assim, sob o véu da tempestade, suponho,

deve existir uma esperança, um instinto a me guiar,

e que no outro dia haverá um horizonte a se encontrar,

quem sabe, e me trazer de volta desse horrível sonho.

 

 

06 de novembro de 2013

 


_________________Claudianor D. Bento






 










quarta-feira, 22 de maio de 2024

NA PRAIA DA ILUSÃO - Claudianor Dantas




Sobre a areia branca onde o frio avança,

sob o sol a se encontrar com uma brisa suave,

um encontro breve, como uma dança,

desperta duas almas e logo se evade. 

 

Era como o tempo que, ali, parasse,

e que seus olhares se encontrassem,

numa troca de risos, que se abraçassem,

e que a fugacidade do instante se encantasse.

 

No horizonte se despede do sol, no ocaso,

pintando o céu, por um momento, alaranjado,

onde o mar sussurra segredos ao vento,

quando, ardentes, se amaram ao acaso. 

 

Encontro tão rápido quanto veio, se desfez,

como uma estrela cadente que se despede,

restou apenas saudades, um quê de insensatez,

lembranças que o coração se enternece.

 

Na praia, agora, reinam silêncio e solidão,   

entre o eco de uma melodia distante,

um efêmero encontro, uma bela canção,

que deixou na memória uma marca constante.

 

E mesmo que os caminhos, deles, se afastem,

e a chance de se reencontrarem, enfim, se acaba,

na memória fica a lembrança bem guardada,

para que esses momentos nunca se acabem.

                                                                                                                 

 02 de março de 2008

 

_________________ Claudianor D. Bento



A SINA DE UM BONAÇHÃO - Claudianor Dantas




No vigor da mocidade, caminha um bonachão,

entre sonhos e esperanças caminha na solidão.

Batalha árdua, luta constante. Jornada dividida

com o peso da miséria que leva, retalhos da sua vida.

 

Sonhos tecidos em fios dourados se entrelaçam,

mas, a mão calejada não alcança a estrela que brilha.

Na mesquinhez da sociedade, suas asas se embaraçam,

na realidade cruel onde o hipócrita o enquizila.

 

Anos se passam como rios, levando consigo a juventude,

e o sublime homem, na margem, vê seu sonho naufragar.

A desesperança como manto, cobre a sua magnitude,

enquanto a sociedade, com a sua hipocrisia, segue a navegar.

 

No cansasso da velhice, seu corpo curvado se rende.

Diante da iminência da morte, o olhar cansado brilha

e no limiar do além, a visão que o tempo estende

revela, enfim, os sonhos que a vida lhe negou em sua trilha.

 

Diante dos seus olhos, como um filme a abrir,

seus sonhos perdidos, agora ganham vida e cor.

Na tela dos seus dias, relampejos voltam a brotar

todos os seus anseios, que nunca os perderam, mesmo na dor.

 

Um lar acolhedor, onde o amor é a própria essência,

uma família unida, onde o afeto é o maior ancoradouro.

E no coração desse ser simples, renasce a crença

de que na vida, afinal, a virtude foi o seu maior tesouro.

 

Assim, na hora derradeira, entre suspiros e sorrisos,

o bonachão parte, mas não na solidão da saudade.

E os sonhos não realizados, encontra o bálsamo precioso, 

que ilumina sua jornada, para sempre, na eternidade.

 

 15 de dezembro de 2017


_______________ Claudianor D. Bento